domingo, 18 de setembro de 2011

Budô Fit New Style

Tá chegando o dia de mais um lançamento de aula. Como eu já havia dito em postagens anteriores estou reciclando e personalizando todo o meu trabalho. A aula de Funcional Class foi a primeira e o upgrade foi significativo, a aula de Jump era para ser a segunda mas vai demorar um pouco mais, como esta chegando o meu aniversário resolvi relançar o Budô Fit. Os curiosos estão ansiosos querendo descobrir quais são as diferenças entre o Budô Fit Classic e o New Style. O que posso adiantar é que não houve um enorme upgrade, porém, ouve um ajuste na metodologia de treinamento o que aproxima a aula de uma sessão de treino de atletas profissionais de MMA, tomadas as devidas proporções é lógico. Visualizem a evolução das artes marciais tradicionais, hoje em dia, praticamente todas elas são um esporte, existem mais materiais de treinamento, mais praticantes de idades variadas, mais marketing etc. Eu sou do tempo que Judô era atividade física de menino e Balê de menina, nos dias de hoje não existe mais isso tem uma mulherada fazendo luta e vários homens fazendo dança.
As artes marciais a um certo tempo são um comércio e diga-se de passagem um belo comércio. O consumidor gasta com uniformes, protetores, campeonatos, exames de faixa e uma série de outras coisas e o meu questionamento se faz em cima de um fator: ''Como fica a filosofia das artes marciais?'', a alguns anos atrás eu dava aula de defesa pessoal para mulheres, hoje em dia eu precisaria reciclar toda a estrutura dessa aula porque o acesso as artes marciais é muito fácil, segredos milenares e técnicas de luta estão ai no youtube para qualquer leigo aprender e usar em uma briga, para poder se defender fisicamente com 50% de segurança nos dias atuais é preciso ser um lutador ou lutadora de MMA os outros 50% são estratégicos.

Retornando ao assunto upgrade, as primeiras aulas de Budô Fit tinham um foco sobre a filosofia das artes marciais mais especificamente sobre a filosofia dos samurais e a minha maior dificuldade era trazer os alunos para dentro do foco da aula. A aula possuia um sistema de graduação semelhante a exames de faixa, possuia competições chamadas de Budô Games e eu conseguia a participação de quase todos os alunos nesses eventos que tinham como objetivo principal gerar nos alunos sentimentos como superação, automotivação, aumento da auto-estima e outros valores como respeito ao adversário etc. Eu consegui formar duas boas turmas com um bom número de adeptos na academia Fitness Point que foi onde o Budô Fit nasceu, porém, hoje eu entendo que isso só aconteceu porque as poucas alunas que eu consegui ''encantar'' com essa aula motivaram amigas a entrarem nas turmas e o crescimento se deu por um efeito que eu chamo de ''corrente do bem''. Muitas pessoas experimentaram mas abandonaram as aulas antes mesmo que eu conseguisse a oportunidade de tentar traze-las para o foco da aula. Eu demorei para entender que as pessoas procuram determinadas modalidades previamente com um foco na cabeça e o que eu estava tentando fazer era vender um produto que elas não queriam comprar e ainda assim eu queria fazer elas esquecerem o foco delas e aderir ao meu. Por incrivel que pareça eu consegui fazer isso mas foi com poucas pessoas e essas pessoas conseguiram vender a minha idéia por mim para suas amigas.

Passei anos me lamentando, ''porque essa aula não dá certo em outras academias?'', eu tentei implanta-la na Bioforma, na Athletic Center, na Energy Sport, na Aquacbrasil, na Deborah Barreto e não rolou. Eu comecei a ver minhas melhores alunas de Budô Fit migrando para outras modalidades de ginástica e algumas tentando a sorte em aulas de Boxe e Muay Thai, algumas delas não praticam mais nenhuma atividade física porque não conseguem se adaptar. As artes marciais invadiram a minha área, porém, elas estão agindo com a atitude errada da mesma forma que eu fiz com o Budô Fit. Eu tentava vender um produto que as alunas não queriam comprar e depois tentava convence-las a gostar da coisa, as artes marciais fazem diferente elas vendem o que as alunas querem comprar e depois tentam faze-las gostar da coisa. Porque as duas atitudes são erradas? No meu caso o aluno chegava com uma expectativa e eu dava aparentemente o que ele queria comprar mas após a aula eu tentava vender o que ele não estava afim. As artes marciais estão indo por um outro caminho elas estão vendendo o que os alunos querem comprar, porém, elas não avisam que outras coisas que as pessoas não estavam afim de comprar estavam inclusas no pacote. Indo direto ao ponto o aumento do público feminino nas aulas de Boxe, Muay Thai e Jiujitsu se deve ao fato do ''corpo bonito'' que os lutadores possuem, ou seja, o marketing ataca a vaidade feminina, se os homens ficam com corpão as mulheres obviamente acham que também vão ficar. Depois cai a ficha delas que para ganhar esse corpão elas vão ter que tomar soco na cara, chute no estômago, serem estranguladas etc. Se elas acabarem gostando dessa agressão ao corpo vão continuar na luta mas a minha experiência diz que a maioria delas desiste quando começa a apanhar.
O foco da aula de Budô Fit mudou por causa disso. Se a maioria das pessoas prefere o corpão a filosofia vamos focar no corpão então. Isso não significa que eu vá desistir de tentar vender a filosofia mas depois de alguns anos a gente acaba entendendo que nesse negócio a credibilidade e o respeito vem depois da palavra resultado. Posso provar isso de várias formas por exemplo a Personal Trainer Solange Frazão é muito respeitada pelas pessoas comuns e pela mídia, porém, perante os profissionais de educação física ela é uma professora comum. Ela nunca ministrou uma palestra ou um workshop nos maiores eventos de Fitness do Brasil, porém, ela é mais conhecida nacionalmente que o grande mestre de educação física Mauro Guiselini que foi o cara que trouxe a ginástica aeróbica para o Brasil. Outro exemplo se eu colocar um campeão de fisiculturismo para dar aula de musculação na minha academia que não é formado em educação física e colocar um professor de educação física comum com um corpo mais ou menos mas com pós-graduação e Mestrado em Musculação tenham certeza que a maioria dos alunos homens vai preferir treinar com o fisiculturista. A minha batalha agora é outra estou vendendo o que os alunos querem comprar ''treino forte'' partindo desse ponto vou aos poucos tentar vender o que eles não esperam comprar que é a filosofia das artes marciais.

domingo, 11 de setembro de 2011

Superação

Uma aluna chamada Patricia Pietro me inspirou a escrever sobre esse tema, apesar de fazer mais de um ano que ela não frequenta as minhas aulas nunca vou deixar de considera-la minha aluna e minha amiga. Ela não tem nenhuma deficiência física, entretanto ela me inspirou a escrever sobre esse tema porque nesse último final de semana no dia 10/09/11 ela participou de uma corrida em Ubatuba sem estar em condições físicas adequadas e estando doente. Como professor de Educação Física obviamente a orientei para que não participasse dessa corrida alegando motivos técnicos. Só ela sabe porque resolveu ignorar os avisos se superar, enfrentar a prova e completa-la. Isso me fez refletir sobre os fatores que motivam as pessoas a se superarem na vida. O que faz um cadeirante encontrar força mental para praticar um esporte? O que motiva um amputado a correr, nadar ou pedalar com sua protese? O que motiva um atleta olimpico a competir mesmo lesionado? O que motiva um lutador ferido a continuar o combate até o último minuto do round?

Não me lembro em qual edição do reality show Ultimate Fighter ouvi a seguinte frase de um treinador: ''Eu posso treinar um lutador para ser mais rápido, mais forte, mais flexivel e mais técnico, porém, eu não posso ensiná-lo a ter raça''. Obviamente raça não é tudo mas é um componente extremamente importante para o sucesso de um atleta. Talento, raça, técnica, condicionamento físico, estratégia e sorte que para mim é a soma de competência + oportunidade é o que separa os atletas campeões dos demais. Vamos comparar o desempenho dos atletas do Brasil, Estados Unidos e China nos jogos olimpicos. Quem ganha mais medalhas? Porque o Brasil ganha poucas medalhas nos jogos olimpicos e essas poucas são tão sofridas? Porque os Estados Unidos e a China são tão superiores ao Brasil esportivamente falando? Raça não falta para nossos atletas e acredito que todo atleta olimpico tem esse componente em abundância, o problema esta na estrutura. Treinar com os melhores, competir com os melhores faz com que o atleta evolua e isso somado com a raça vai fazer a diferença no final.

Em artes marciais alguns mestres orientais dizem que o maior adversário de um guerreiro é ele mesmo, vemos perfeitamente a veracidade dessa afirmação em alguns esportes individuais como corrida, natação, ciclismo, triathlon, atletismo etc. O atleta precisa superar suas lesões e seus limites primeiro para depois pensar nos seus adversários. Por incrivel que pareça para atletas de academia a realidade é a mesma. O professor de musculação te passa uma série mas ''se você'' não tiver a raça e a disciplina para treinar os resultados não virão. Tudo bem que a preparação física não é 100% responsável pelos resultados estéticos mas se o aluno ou atleta não fizer a parte dele os resultados não virão. Em ginástica coletiva isso também acontece. O que leva o aluno a lutar até o final para vencer aquela última repetição da série de triceps do Body Pump? O que leva o aluno a fazer aquela última repetição de afundo na aula de Extreme 55? O que faz aluno a não se entregar no último Sprint da aula de Jump Fit? Resposta? Raça!!! Nós professores de eduação física não podemos ensinar ninguém a ter raça, porém, podemos tentar motivar os alunos para que busquem lá no fundo as últimas reservas de energia para completar suas tarefas.


Talvez algumas pessoas que leiam esse post pensem: ''Porque?'', ''Para que?'', Porque pessoas como a Patricia Pietro correm lesionadas e doentes? Para que se matar para adquirir uma medalha? Porque o professor Cezar subiu no palco para dançar lesionado no espetáculo de fim de ano em 2010? Porque os cadeirantes jogam basquete? Sinceramente as pessoas que questionam nossos motivos não compreendem o significado da palavra ''raça'' e com certeza nunca vão entender o significado da palavra ''superação''. Da minha parte pode parecer estranho mas eu confesso que sinto prazer em vencer desafios, em superar a dor, as limitações. Cada um no seu quadrado. Fica a dica: Você quer resultados? Se supere!