sexta-feira, 29 de julho de 2011

Artes Marciais X Fitness de Combate

Vamos por partes como diria o Wolverine, comecei a praticar artes marciais com 8 anos de idade. A primeira luta que pratiquei foi Judô, modalidade que pratiquei por 2 anos chegando a faixa amarela. Com 12 pratiquei Karatê Goju Ryu mas foi por apenas 1 ano. Aos 16 pratiquei Tae Kwon Do chegando a faixa azul após 3 anos tive algum contato com o Hapkidô nessa época. Aos 18 pratiquei Kickboxing mas foi por apenas 1 ano. Aos 23 pratiquei Judô novamente e Capoeira na faculdade mas as duas foram praticadas por apenas 1 ano também, tive algum contato com o Jiu Jitsu nessa época. Saindo da faculdade conheci as aulas de Tae Bo, Cardio Kickboxing e Fit Boxe, me tornei professor de Body Combat, criei a minha versão dessa aula o Budô Fit e depois me tornei professor de Kimax.

A primeira vez que ministrei uma aula de Budô Fit foi em uma academia que tinha algumas aulas de artes marciais no cardápio como Tae Kwon Do, Capoeira e Jiu jitsu. As poucas mulheres que faziam essas lutas aderiram a minha aula e algumas chegaram a abandonar as aulas de artes marciais. Nem preciso dizer que os professores de artes marciais me olharam atravessado e alguns não olham na minha cara até hoje. A velocidade da popularização das aulas de Fitness de combate foi muito rápida e a maioria dos professores de artes marciais de todo Brasil começaram a meter o pau nas aulas de Body Combat alegando falta de técnica, falta de respeito com a filosofia da luta e outros motivos.
Como diria aquele dito popular ''se não pode vencê-los, junte-se a eles'', as artes marciais passaram a tentar vender o mesmo produto vendido pelas aulas de fitness de combate o corpo perfeito. Essa mudança de foco além de outros motivos gerou um conflito pois o CREF, Conselho Regional de Educação Física entendeu que os professores de artes marciais precisavam ser professores de Educação Física. Após uma batalha juridica de anos ficou decidido por enquanto que as Confederações de artes marciais são responsáveis pelos professores de artes marciais filiados a elas. Até onde eu sei existem professores de educação física trabalhando nessas confederações orientando os professores de artes marciais filiados em workshops. Fica a seguinte dúvida, quantos professores de artes marciais filiados a essas confederações fazem esses workshops?
Atenção praticantes de artes marciais! Será que o seu professor é filiado a confederação de luta que ele ministra aula? Será que ele participa dos workshops ministrados na confederação? Será que ele aplica esses conhecimentos? Se ele for professor de educação física tudo bem mas se não for tenha cuidado. Naõ gosto de dedurar ninguém mas ouvi recentemente de uma aluna que fez uma aula de Muay Thai em uma certa academia a seguinte frase de um professor ''na minha aula o aluno tem que passar mal mesmo'', ''vomitar é normal em um treino de Muay Thai''. Prefiro não comentar mas não concordo com esse pensamento.
Sobre o Fitness de Combate é importante dizer que também existem professores de educação física que não estão preparados para dar esse tipo de aula. Tem professores que nunca fizeram um treinamento, um workshop e nunca praticaram uma arte marcial e mesmo assim se atrevem a dar esse tipo de aula apenas porque conseguiram um vídeo. É preciso seriedade. Fica dado o recado para os professores de Fitness de Combate, atualização sempre. Para os professores de artes marciais fica outro ''estudem''. Para os alunos que praticam artes marciais ''apenas'' porque querem ficar com um corpo bonito esse objetivo não é a essência da aula, o objetivo de uma arte marcial é formar lutadores mesmo que estes não sejam atletas profissionais ou não participem de competições, nunca se esqueçam disso. Para os praticantes de Fitness de Combate o objetivo é a busca do corpo perfeito através da ''diversão''. As aulas de Body Combat, Budô Fit, Kimax etc não querem formar lutadores e sim guerreiros e guerreiras, se você consegue enfrentar e resistir até o fim a intensidade de um treino forte você irá adquirindo aos poucos mais autoconfiança e perseverança para enfrentar as dificuldades da vida. Recado aos alunos. Se tiverem que escolher entre uma arte marcial ou Fitness de combate façam a escolha pelo motivo certo, se é para ficar com corpo bonito façam Fitness de Combate se é para aprender a lutar façam uma arte marcial

domingo, 24 de julho de 2011

Estética X Funcionalidade

Com a proximidade do verão em breve a busca frenética pelo ''corpo perfeito'' vai se reiniciar, fazem 15 anos que eu vejo isso acontecer. Muitas pessoas que nunca praticaram nenhuma atividade física em academia vão cair de paraquedas nas aulas de ginástica, algumas vão se apaixonar e ficar por anos praticando mas a grande maioria vai desistir antes do natal. É dificil explicar para algumas pessoas principalmente para as mulheres que mais vale um corpo com alto nível de funcionalidade do que com alto nível de estética. O corpo mais comentado nos ultimos meses pelas alunas da academia é o corpo da Deborah Secco, muitas alunas querem ficar com o corpo igual ao da atriz mesmo não tendo o biotipo adequado para isso. Os homens por sua vez querem o ''famigerado'' abdômen tanquinho mas não querem parar de tomar cerveja, ai fica dificil. Eu costumo fazer uma piada com isso: ''Para que serve um tanquinho se o mais importante é o funcionamento da torneira?''

Infelizmente ainda não existe a consciência por boa parte dos alunos de que nem sempre um corpo musculoso é um corpo com nível de funcionalidade adequada. Por exemplo: Eu tenho alunas que tem um corpo bonito mas não tem flexibilidade para pegar na ponta dos pés com as pernas estendidas, tem outras que são extremamente flexiveis mais falta resistência aeróbia para subir um lance de escadas correndo sem botar os pulmões para fora, conheço algumas corredoras que tem um bom par de pernas mas tem braços fraquissimos enfim falta ''harmonia'' na maior parte dos alunos.
Pensando dentro do ponto de vista empresarial é mais fácil vender para os alunos a probabilidade de adquirirem o corpo que eles querem do que de vender a probabilidade do corpo que eles ''precisam''. Fato é que as mulheres nunca se satisfazem por completo. Se elas são magras querem ganhar mais corpo, se tem mais corpo querem ser magras, se o bumbum é grande querem diminuir, se é pequeno querem aumentar, se as coxas são grossas querem afinar se são finas querem engrossar, enfim, para que ficar ''brigando'' com elas? É mais fácil tentar fazer o que elas querem. Cabe aos professores a palavra ''bom senso'' pois existem alunos que podem adquirir o ''vício em malhação'' e possivelmente a obsessão pela estética. Muita gente conhece a palavra ''anorexia'' mais poucos conhecem a palavra ''vigorexia'', é um disturbio psicológico que acontece com obsessivos por malhação. Essas pessoas se olham no espelho e se vêem fracas por mais fortes que estejam. Reflitam sobre isso.

domingo, 17 de julho de 2011

Preparação Física: Teoria X Prática

Motivado pela curiosidade de uma aluna resolvi escrever esse post. A diferença de opiniões entre professores de Educação Física se deve ao fato muitas vezes de diferentes interpretações entre teoria e prática, hoje em dia existem muitos artigos ciêntificos e opiniões diferentes sobre metodologias de preparação física. No meio dessa confusão cabe ao profissional captar todas as informações que puder, analiza-las friamente, testa-las em si mesmo e depois aplicar nos seus alunos. O tempo vai dizer se a metodologia e os exercícios são eficazes.

Particularmente alguns métodos de preparação física não me agradam, isso não significa que não são eficazes mas sim porque não são do meu gosto. Na ginástica todos os exercícios que eu aplico nas aulas são exercícios que eu já testei em mim mesmo, o mesmo vale para a musculação. Já fiz cursos que não curti mas eu precisava aprender o método para decidir se iria usa-lo ou não. Já participei de algumas clínicas de exercícios e as frases mais marcantes que ouvi foram as seguintes: ''Não existe exercício errado, existe exercício feito com a técnica errada'', ''Não existe exercício proibido, existem pessoas que possuem limitações físicas que as proibem de fazer determinados exercícios.''.
Eu lembro do lançamento da primeira aula de Body Pump no Fitness Brasil em 1998, vários professores desceram a lenha em alguns exercícios na metodologia e o tempo provou que a aula é excepcionalmente eficaz. A mesma coisa aconteceu com o Pilates, com o Jump e outras modalidades. Até hoje pessoas falam que a aula de Step machuca os joelhos, que o agachamento completo é lesivo, que a abdominal completa faz mal para coluna etc. Penso que os professores de Educação Física que estão iniciando na profissão devem ficar confusos sem saber que rumo tomar que caminho seguir. Minha sugestão é: Procurem fazer cursos com os melhores, vejam o curriculo do palestrante, absorvam toda teoria possivel e depois testem na prática em vocês mesmos. Alguns professores discordam do que eu vou falar agora mas eu acredito que o professor só é capaz de ensinar na maioria das vezes o que ele mesmo sabe fazer. Existem excessões pois quando o professor atinge uma certa idade alguns movimentos as vezes deixam de ser viáveis como um salto mortal da ginástica olimpica por exemplo.


A combinação adequada da teoria com a prática é o segredo do sucesso da montagem de um bom treinamento, a experiência me ensinou que nem sempre tudo o que a teoria diz que não é adequado não possa ser usado. As vezes uma simples adaptação pode transformar um exercício polêmico como o antigo jairzinho em um exercício seguro e eficaz. E tem gente que ainda diz que ser professor de ginástica é fácil.

sábado, 2 de julho de 2011

Competição

Desde os primórdios da humanidade os seres humanos competem. Isso acontece por vários motivos como sobrevivência, status, ambição, dinheiro e até por entretenimento. O motivo que me levou a escrever esse post foi um fato que aconteceu no domingo passado que me chocou. Eu gosto de quase todos os esportes mas o futebol é um dos meus preferidos, hoje em dia prefiro assistir do que jogar, aliás jogar futebol só se for no vídeo game. Estou acostumado a ver um comportamento agressivo por parte dos homens em se tratando de futebol e desde criança quando meu time perdia para o rival era normal bater boca na escola com os colegas que torciam para os outros times e algumas vezes a coisa esquentava ao ponto de quase chegarmos as vias de fato. Entretanto eu nunca havia visto mulheres terem esse comportamento muito menos meninas, foi chocante ver algumas ex-alunas e alunas baterem boca como homens ignorantes em um buteco por causa de futebol, foi surreal, impressionante e revoltante.

Refleti sobre os possiveis motivos que fazem com que as novas gerações tenham esse comportamento e descobri que tem vários fatores envolvidos, não vale a pena discutir sobre isso pois daria muito pano para manga e não daria resultado algum. A única coisa que dá para se fazer é tentar concientizar as pessoas sobre a importância de saber vencer e saber perder, infelizmente até no esporte profissional os próprios atletas muitas vezes cometem atos chamados de ''antidesportivos'', o que acontece dentro dos gramados, tatames, quadras e pistas acaba se repetindo fora. Quando jogadores de futebol brigam dentro do campo isso incentiva a torcida a brigar também, obviamente existem pessoas com índole ruim e brigariam de qualquer jeito mas eu sou um dos defensores da extinção das torcidas organizadas por causa disso. Eu sei que não são todos os torcedores que tem índole ruim mas por causa de 3 ou 4 centenas levam a fama de bandidos, brigões e vândalos. Hoje em dia o mundo esta mais intolerante, pessoas discutem no trânsito, no trabalho, na escola e até em filas de banco. As pessoas estão mais ansiosas, menos pacientes e mais egoistas, querem se dar bem e que se dane o outro, porém, se o outro se dá bem ele é puxa saco, nerd etc, estou generalizando mas todos nós enfrentamos essa realidade.
Até nas academias rola competição, como se não bastasse a competição contra as outras academias em algumas rola uma competição interna algumas vezes incentivadas pelos próprios donos. Não vou me aprofundar nesse assunto mas eu já bati boca com donos de academias e com colegas professores por digamos divergências de opinião. Eu aprendi a ser competitivo desde criança pois pratiquei diversas artes marciais e alguns esportes coletivos então a competição esta no sangue e vencer e perder é normal, sou grato aos mestres de artes marciais que me ensinaram a ter o comportamento adequado diante de uma vitória e diante de uma derrota mesmo que essa derrota seja ocasionada por um erro de arbitragem. Com o passar dos anos a gente vai aprendendo a ter mais paciência e a não deixar a emoção dominar tanto nossas atitudes.

Minha maior competição no momento atual é comigo mesmo. O peso da idade diminui gradativamente algumas das minhas capacidades físicas embora a experiência faça que eu produza um serviço com qualidade cada vez maior. As aulas estão ficando melhores técnicamente, as coreografias mais legais, a didática funcionando com mais eficácia mas o balanço negativo é que não tenho mais condições físicas para dar mais 5 aulas por dia com o mesmo pique mesmo dosando minha energia e não adianta treinar pois o corpo tem limites que precisam ser respeitados com o passar da idade, infelizmente. Se não dá para dar 5 com pique total pelo menos dá para dar umas 3 com um bom nível de energia, porém, nesse momento da carreira projetos paralelos a ginástica de academia precisam rolar pois afinal os professores de ginástica na grande maioria ganham por hora aula que é o meu caso. As contas estão ai e precisam ser pagas, dando menos aulas ganho menos. A competição agora é mais mental, intelectual a busca por conhecimentos passa a ser mais administrativa, financeira e menos técnica. Apesar disso ainda falta muito para esse guerreiro das salas de ginástica pendurar suas luvas de MMA.