sábado, 17 de janeiro de 2009

Alongamento

Os exercícios de flexibilidade e alongamento foram por muito tempo renegados ao segundo plano em programas de exercícios. Sabe-se hoje, porém, que tais exercícios são um dos três pilares que atuam em prol da saúde e bem estar, ao lado das atividades cardíacas (aeróbicas) e de força.

Os exercícios de alongamento trabalham o comprimento dos músculos a fim de se aumentar a flexibilidade e as condições musculares de cada pessoa, que variam em cada caso. ''O alongamento é importante simplesmente porque as pessoas precisam de flexibilidade no dia-a-dia'', explica Abdallah Achour Junior, doutor pela USP em Biodinâmica do Movimento e que há mais de 20 anos realiza pesquisas sobre flexibilidade.

Os exemplos das limitações ocasionadas pela falta de flexibilidade são muitos, como o idoso que tem dificuldades para subir ao ônibus ou abaixar para pegar um objeto no chão.

Além de melhorar a qualidade do movimento, os exercícios de alongamento contribuem para a reorganização postural e combate ao estresse. ''Muitos pacientes se queixam de dores pelo corpo porque passam mais de oito horas sentados numa poltrona de escritório'', afirma o massoterapeuta Kiyoshi Nagaoka, especialista na aplicação de técnicas milenares de tratamento. ''O alongamento eleva a sensação de bem-estar, melhora a circulação e aumenta a produtividade'', destaca.

Gizele de Assis Monteiro, mestre em Fisiologia pela Unifesp, acredita que a tensão muscular pode ser usada como um bom indicador do estresse e da ansiedade. ''Quando essas situações ultrapassam o limite de o organismo suportar o estresse , existe um processo de não-recuperação do organismo, produzindo tensão muscular que terá ainda outros efeitos sobre o comportamento funcional do individuo '', diz ela em seu livro; Psiquiatras e médicos tem recomendado os exercícios de alongamento para o alívio desses sintomas.

Quando há desconforto postural, o individuo pode realizar sessões diárias de alongamento com o intuito principal de relaxar e dormir bem. ''Pessoas que realizam os exercícios em casa devem estar concientes da possibilidade de desenvolver erros de postura. Qlém disso, sessões de dez minutos caracterizam-se como atividades de descontração momentânea, que melhoram a sensação corporal, mas não beneficiam a capacidade física'', explica Gizele. Pesquisas realizadas em animais apontam que o período da tarde é o mais indicado para o alongamento, por ser o momento do dia no qual a temperatura está mais aquecida.

Os especialistas são unânimes ao afirmar que as atividades de alongamento devem começar na idade escolar. ''Assim, estamos preparando esta criança para o futuro e preservando a qualidade de seus movimentos para a fase adulta'', conta Gizele.

Independentemente da idade do aluno, o programa deve ser desenvolvido conforme as necessidades individuais, enfatizando-se os músculos mais utilizados no dia-a-dia, além, dos posturais. Assim, alunos que apresentam encurtamento muscular devem ser orientados de maneira diferenciada. ''É preciso aumentar o período de alongamento das pessoas , com mais esforço mas sem dor'', destaca Achour. O uso de bancos e steps contribui para o desenvolvimento desse trabalho, que deve ser realizado mais frequentemente.

O melhor método para trabalhar a flexibilidade deve ser definido, porém, entre o aluno e o profissional de educação física, considerando-se aspectos psicológicos, físicos e inclusive sociológicos. ''A saúde está relacionda com o que se gosta de fazer. Esporte , não'', indica Achour.

Recentemente, diversos jornais e revistas do País publicaram matérias e artigos afirmando que os exercícios de alongamento contribuem para perda da força de indivíduos. Os especialistas consultados pelo portal Fitness Brasil Club refutam a afirmação. ''São inverdades. Quando os exercícios de alongamento têm duração maior que 40 segundos, podem interferir no treinamento de força, mas de maneira insignificante. Para ter saúde, não é preciso ter força máxima, mas força aliada a flexibilidade'', esclarece Abdallah Achour Junior, doutor pela USP em biodinâmica do movimento.

Fonte: Body Systems News número 31 - Janeiro/Fevereiro/Março 2007

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